Considerada uma das três mais belas livrarias do mundo, a “Lello” é, no seu estilo revivalista neogótico, tão ao gosto do romantismo, uma catedral do saber. E como nas catedrais medievais góticas, não lhe falta sequer, na cobertura, um enorme vitral que dá luz e cor ao interior da livraria, iluminando o espaço e o espírito. Inaugurada a 13 de janeiro de 1906, com projeto do engenheiro Xavier Esteves, a Livraria Lello reflete também a Belle Époque apostando na modernidade, evidente nos carris visíveis no pavimento, onde circulavam carrinhos transportando os livros desde o armazém, e muito especialmente na sua icónica escadaria central, pintada de vermelho, que quase todos imaginam ser de madeira mas, na realidade, contruída nesse, então, material inovador que era o… cimento. Estamos, de resto, perante uma das primeiras construções em betão em Portugal!
Embora inaugurada em 1916, a “Lello” é sucessora de uma anterior livraria – a “Chardron” – fundada em 1869 e que era, na transição do século XIX para o XX, a editora de alguns dos mais famosos escritores portugueses de então, como Camilo Castelo Branco e Eça de Queiroz. O proprietário, o francês Ernestro Chardron foi, curiosamente, em 1877, um dos sócios fundadores do Grande Hotel Paris.